Os barqueiros que navegam pelo São Francisco contam muitas lendas sobre o rio que mitiga a sede de tantos nordestinos e é chamado carinhosamente por eles de Velho Chico.
Os moradores da região costumam dizer que o rio dorme uma vez por ano, sem dia marcado, por volta da meia-noite. É sempre uma surpresa. Nessa ocasião, tudo é silêncio. Os peixes, respeitosamente, ficam como que paralisados no fundo das águas. Estas param de cantar quando caem das cachoeiras e não fazem o estrondo costumeiro. Até as cobras que por ali vivem perdem misteriosamente a peçonha. Os barcos param sozinhos e ficam flutuando. O caboclo-d´água senta-se à beira do rio e permanece imóvel, silencioso, pitando o cachimbo. Nada nem ninguém ousa perturbar o sono do Velho Chico.
Nesse momento, quem está viajando de barco ou pescando tem de ter paciência e ficar quietinho até o rio acordar. E, para saber quando isso acontece, é preciso jogar nele uma lasca de madeira benta. Se ela flutuar e for seguindo rio abaixo, é porque o São Francisco acordou. Então, a alegria é geral. Para o Velho Chico dormir, agora, só no ano que vem!
Lendas Brasileiras - Região Nordeste
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